Quem sou eu

Juiz de Direito desde 2007. Titular do Juizado Especial Cível de Lins(SP). Ex-Professor do Curso de Direito do Unisalesiano em Lins(SP). Ex-delegado de polícia. Motociclista, tatuado e corintiano do "bando de loucos".

28 de jul. de 2014

Covolan: tragédia anunciada

            O trecho da Rodovia Sargento Luciano Arnaldo Covolan que vai da entrada principal de Penápolis(SP) até o trevo da Rodovia Marechal Rondon já foi palco de acidentes fatais e, tudo indica, infelizmente, sangue ainda poderá jorrar no local.
            É fato notório que o local tem sido utilizado para atividades físicas por ciclistas e praticantes de corrida e caminhada. Muitos deles rumam para o local depois do expediente de trabalho. Acontece que com o término do “horário de verão” normalmente começa a escurecer a partir das 18 horas...
            Dias atrás eu trafegava pelo local por volta de 19 horas e ingressei no acostamento para atender ao telefone celular. Deparei com um rapaz pedalando uma bicicleta. Estava escuro. A claridade lunar era insignificante. Ele usava roupas pretas! A bicicleta não tinha qualquer iluminação. Por pouco não o atingi. Se isso tivesse acontecido possivelmente ele teria sido projetado contra o para-brisa do meu carro e eu teria sido lesionado ou nem estaria aqui para redigir esta reflexão. Fiz questão de parar para tentar convencê-lo a se equipar melhor, especialmente a instalar iluminação na bicicleta, a trajar roupas refletivas e a usar capacete com luz intermitente e farol.
            Prossegui e notei algumas pessoas caminhando pelo mesmo acostamento nas proximidades da entrada de chácaras (Greenville), local em que já se cogitou implantação de rotatória. Naquele momento, caso eu tivesse uma das chácaras como destino, poderia ter atingido dois senhores, uma vez que em virtude da escuridão não era possível notar a presença deles com a necessária antecedência.
            O risco já existe há algum tempo e o risco, no meu entender, vem se intensificando. Seria muito interessante se fosse estudada a possibilidade de melhorias estruturais como as que foram feitas entre a Rodovia Transbrasiliana e a cidade de Guaiçara(SP), onde trecho semelhante recebeu iluminação, rotatórias e ciclovia. Evidentemente, o poder público teria de conseguir recursos, se certificar do custo-benefício das obras e aguardar o momento oportuno, sempre atento às prioridades. Mas a minimização dos riscos poderia ser atingida, de imediato, com medidas mais simples e de custo reduzido, por meio de campanhas educativas direcionadas aos “aventureiros”, seja por meio da imprensa, seja pelo contato direto (abordagens no próprio local).
            De qualquer forma, acredito que este texto poderá já surtir resultados se você, que caminha e pedala no local sem se prevenir, refletir, se convencer e convencer quem você conhece a repensar algumas coisas... Afinal, não adianta cuidar da sua saúde e ser tão desatento com a sua vida e, por que não dizer, não pensar também na segurança nos demais usuários da citada via pública...
Adriano Rodrigo Ponce de Oliveira
Juiz de Direito da 2ª Vara

(publicado no Jornal Regional de Penápolis aos 23/2/2014)