Por três vezes já estive
conversando com alunos da Habilitação Profissional Técnica de Nível Médio de
Técnico em Serviços Jurídicos do Centro Paula Souza. Sempre me senti muito bem naquele
ambiente.
Interessei-me por
conhecer melhor o curso. As unidades de Lins e Sabino contam atualmente com
cerca de 150 alunos. Tudo começou em Lins no segundo semestre de 2009 e a cada
um ano e meio uma turma conclui o curso. A cada semestre a procura tem aumentado e a
concorrência tem sido de três a cinco candidatos por vaga.
Tive a satisfação de descobrir que o
curso foi criado em atenção à solicitação do Tribunal de Justiça de São Paulo,
então “preocupado com a funcionalidade da
qualificação dos serventuários que atuam diretamente na atividade-fim do Poder
Judiciário”. Posteriormente, foi disponibilizado para o público em geral. Visa
a preparar o aluno para entender e trabalhar nas rotinas de um departamento
jurídico ou de um escritório de advocacia e dar suporte técnico-administrativo
a advogados, auditores e outros profissionais do ramo. A proposta do curso
deixa claro que o Técnico em Serviços Jurídicos não se confunde com o
estagiário de Direito, pois desenvolve seu trabalho de forma mais independente:
não se limita ao aprendizado técnico-pedagógico orientado.
A implantação do curso foi uma grata
surpresa! Afinal, outros cursos superiores já contavam com formação técnica no
mesmo ramo, como a Enfermagem e a Engenharia.
Por meio dele o estudante tem
condições de conferir se realmente é vocacionado para a futura graduação em
Direito e desenvolver a capacidade de refletir, de se posicionar diante de uma
controvérsia e de expor a sua opinião respeitando a contrária. Debates sobre
temas cotidianos estimulam a sensatez. E ainda que não pretenda prosseguir no
ramo, mas apenas enriquecer os seus conhecimentos, o estudante adquirirá
informações extremamente úteis para bem conduzir a sua vida e orientar seus
pares. Por fim, frequentar o curso pode significar um diferencial na busca por
cargos públicos que exigem conhecimentos jurídicos (Escrevente, Oficial de
Justiça, Escrivão, cartorário etc.).
Essa formação técnica é de suma
importância também para os Cursos de Direito, na medida em que seus futuros
alunos já chegarão à universidade com uma importante base teórica e sabedores
de que a opção pela formação jurídica requer muita leitura e aprimoramento
continuado por toda a vida profissional. Além disso, no Curso Técnico o aluno tem
condições de desenvolver oratória e redação, submeter-se a um trabalho de
conclusão de curso e participar de aulas práticas, além de desmistificar
diversas informações equivocadas que o leigo e até mesmo os meios de
comunicação costumam divulgar sobre questões jurídicas.
Por tudo isso, entendi que deveria
destacar o referido curso, bem como o empenho com que vem sendo conduzido pelos
formadores.
Quanto ao corpo discente, tal como
já enfatizei na palestra motivacional e sobre carreiras jurídicas que
ministrei, é composto de pessoas que considero vencedoras e diferenciadas, pois
o curso não substitui o ensino médio, que em verdade é pré-requisito para a sua
conclusão. Em suma: quem busca o curso quer realmente ampliar seus horizontes;
está realmente interessado em aprender, o que tem refletido na qualidade do
ensino e motivado os professores.
A comunidade, como se vê, tem ao seu
dispor, gratuitamente, uma excelente oportunidade de construir um futuro
melhor.
Adriano Rodrigo Ponce de Oliveira
Juiz de Direito e Professor universitário
(publicado no Correio de Lins - ago/2014)